
O Dr. Stephen Porges é um neuropsiquiatra que estuda com profundidade as interações do nosso sistema nervoso autônomo, conhecido popularmente como aquela parte do nosso cérebro responsável pelas nossas respostas de luta e fuga.
Em seus estudos Dr. Porges concluiu que com a evolução da espécie tivemos modificações em nosso sistema nervoso autônomo sendo que nossos mecanismos de defesa para garantir a nossa sobrevivência frente às ameaças foram ao longo de nossa evolução em parte substituídos por funções de interação e engajamento social, habilidades que nos permitem viver em sociedade e nos relacionarmos.
Essa habilidade cerebral permite que possamos identificar em nossas relações e ambientes sinais de segurança e conforto, permitindo que desliguemos o mecanismo de luta ou fuga e nos entreguemos com vulnerabilidade às relações.
E sabe o que essa descoberta do Dr. Porges também nos trouxe de conhecimento?
Que quando identificamos sinais de perigo ou ameaça à vida há alterações em nossos estados corporais como frequência cardíaca, frequência respiratória, descargas hormonais e outras alterações como um todo em nossa fisiologia para que possamos nos defender.
Por outro lado quando interagimos socialmente, temos relações de afeto, contato olho a olho e nos sentimos seguros todas essas respostas se alteram e tendemos a ter melhor equilíbrio em nossa fisiologia.
Agora imagine como fica a estrutura corporal de uma pessoa que está constantemente se sentindo ameaçada ou em perigo? Seja no trabalho, em relações amorosas, ambientes domésticos, vítimas de traumas ou até mesmo em estados emocionais alterados sejam por essas ou outras razões?
Nesses casos o organismo permanece em hiper vigilância comprometendo a capacidade de relaxamento, de prazer, de autocontrole e confiança. O organismo permanece continuamente ativado em mecanismo de luta e fuga, de forma que o estresse emocional causa estresse em todo organismo sendo tal mecanismo desencadeador de uma série de doenças. E esse é o clássico exemplo de como a nossa saúde emocional impacta em nossa saúde física.
Para você ter uma idéia segundo o Dr. Porges pessoas vítimas de trauma de qualquer espécie sejam morais, físicos, sexuais, enfim… têm a percepção de ameaça e insegurança persistente o que gera significativa dificuldade para se conectar com outras pessoas e estabelecer relacionamentos significativos, o que pode fazer com que essas pessoas sintam extrema solidão, por que se comportam de maneira defensiva continuamente devido à habilidade de se sentir seguros nos ambientes e nas relações está prejudicada.
Mas quer saber qual é a boa notícia? É que a reelaboração das experiências traumáticas, o desenvolvimento de mecanismos de enfrentamento e o reconhecimento em si das respostas ao trauma podem ajudar muito para que possamos inibir essas respostas e nos sentir mais seguros.
Os trabalhos corporais também podem contribuir para melhorar essa percepção de segurança, por que afinal de contas é no corpo que sentimos as emoções. Em trabalhos como as oficinas terapêuticas corporais utilizamos técnicas respiratórias, de consciência corporal e educação somática que contribuem para a percepção de segurança inicialmente no corpo, em si mesmo e, pouco a pouco tal percepção se expande para os ambientes e, por fim, para as relações.
Mas cabe lembrar, nossa percepção de segurança é baseada na conexão social que promove nossa saúde mental e física, portanto, avalie e valorize suas relações e veja se elas estão fazendo sentido para você se sentir seguro para se relacionar.
Deixe um comentário